Existem aos montes pela vida afora.E cada um parece maior do que o outro.E são!Cada um no seu momento parece insolúvel,até que o superamos e seguimos em frente,e vem mais um e mais um....a vida é assim também.Recheada de obstáculos,como numa corrida.
Por esses dias eu vencí mais um na minha corrida contra o câncer.Tive uma infecção na cicatriz dos pontos.Como ela surgiu?Não sei.Qual bactéria?Os resultados dos exames ainda não chegaram.Mas,por conta disso,eu fiquei internada por 2 dias,tomando antibiótico via soro.Um coquetel de antibiótico,antinflamatório,analgésico.Isso me deu muito sono e eu passei uma boa parte desse tempo dormindo.Só piorou quando a nutricionista descobriu que sou hipertensa e cortou todo o sal da comida.Aí foi triste!Mas passou!!!
Passou também a fase cirurgia.Meu mastologista,Dr Fernando,me encaminhou para o Oncologista,Dr Alfredo,na Unimed Cel Fabriciano.Hoje será a minha primeira consulta com ele,Então saberei o que vai acontecer daqui pra frente.Só voltarei ao Dr Fernando,até prova em contrário, para a reconstruão da outra mama,a mama direita,pra fechar o tratamento.Então....próxima fase,aí vamos nós!!!
Quer saber qual o maior obstáculo enfrentado por mim até agora nessa minha corrida contra o câncer?O medo do meu marido.Medo de quê?Você poderia me perguntar,se não é ele o doente?Se você quer saber,o que eu tenho visto é quem não está doente tem muito mais medo dessa doença.
De quê meu marido tem medo?Na minha opinião(porque se você perguntar isso a ele,ele vai negar até a morte),ele tem muitos medos.De me perder,de ficar doente como eu,de ficar sozinho,medo pelos filhos que sofrem muito(apesar de aguentarem aparentemente bem,não sei de fato o quanto a minha doença os está afetando,apesar de eles se mostrarem fortes).São muitos medos,mas...os medos que mais me afetam são o medo de me tocar,me abraçar,me beijar.Afeto sabe?Carinhos como um abraço apertado que ele me dava todos os dias quando chegava do serviço.Isso me faz muita falta!!!Porquê?Porque foi com ele que eu aprendi a ser afetiva,chiclete mesmo,porque ele é do tipo chiclete.Quando namoramos e depois recém casados isso me incomodava um pouco,às vezes muito,porque em casa de meus pais não éramos muito dados a gestos de afetos.Não porque não nos amássemos,penso eu,mas porque a casa era tão cheia e a vida tão corrida.Me lembro de muitos momentos de brincadeiras,risos,festas,mas não de abraços e beijos entre nós.Talvez fosse eu,não sei bem.O certo é que meu marido me ensinou a ser afetiva com ele,com meus filhos,nora e minha neta,e todos à minha volta.Por isso,a sensação de família(na carne e na fé),amizade e sentimentos ligados à esses relacionamentos em mim são muito fortes.
Eu amo meu marido e sempre me sentí muito amada por ele.Não deixou de me amar,mas se distanciou de mim.por medo.Isso me fez mal.Isso me entristeceu.Me deixou um pouco deprimida.Mais uma vez eu falei com Deus.Mais uma entre tantas,Falei da minha triseza e do meu medo(Medo de que ele não voltasse pra perto).Mas....ele está voltando.
Às vezes ele fica parado,olhando enquanto eu brinco com a Júlia,minha neta,chutando bola,ou dançando,ou cantando...e o olhar dele é de tranquilidade,de alegria e de amor.E isso me deixa feliz.Ele está feliz quando pensa que eu sou a mesma de sempre.Já está de novo me abraçando quando chega do serviço.Esse abraço forte me fortalece.Sempre que ele me abraça me sinto segura e protegida,me sinto amada e posso continuar minha corrida.Todos os dias me faz a mesma pergunta: melhorou?cê tá bem?Eu respondo que sim,que eu estou bem!!!Mas pra dizer que não existe mais câncer eu vou ter que esperar a alta médica(ouví dizer que uma pessoa é considerada curada depois de 5 anos sem o câncer).Eu já me considero curada por Deus.Eu creio nisso.
Se você tem um câncer(de corpo,de alma,não sei),olhe pra pessoa que está do seu lado.Ela está sofrendo,Talvez pareça indiferença,desamor,mas não é não.É sofrimento,é medo.Se você está ou é próximo de alguém com câncer,não se afaste e nem tenha medo.Primeiro,porque câncer não é uma doença contagiosa,não se pega câncer de outra pessoa.Depois,o afastamento do ser amado faz muito mal,muito mal mesmo!!!
O afeto,com amor,é um remédio e pode ajudar muito na cura!!!Pense nisso...
Até a próxima. Nilza.
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